Autores da Literatura Portuguesa (continuação)

Luís Vaz de Camões

Camões (1524-1580) é considerado um dos maiores poetas não apenas da língua portuguesa, mas também da literatura universal.

Como não se sabe muito a respeito de sua vida, muitas são as histórias que permeiam sua biografia. Conta-se que estudou na Universidade de Coimbra e que serviu como militar no norte da África, onde teria perdido o olho direito. Frequentou a corte do rei João III e dizem que levou uma vida boêmia.

Foi preso ao agredir um oficial da coroa e, ao ser libertado, partiu para o Oriente, vivendo em colônias portuguesas durante 17 anos. Nesse meio tempo, escreveu “Os Lusíadas”, publicado em 1572 e dedicado ao rei Dom Sebastião, que concede a ele uma pensão pelos serviços prestados à coroa. Em razão da irregularidade do pagamento da pensão, Camões morre na miséria e é enterrado como indigente.


Retrato de Luís Vaz de Camões pintado em Goa em 1581. Nele, o poeta aparece sem seu olho direito, perdido em uma batalha no norte da África.

Os Lusíadas (1572)

O poema épico é composto por 8.816 versos decassílabos organizados em 1.102 estrofes de oito versos cada (ABABABCC).

Além disso, está organizado em dez cantos distribuídos em cinco partes: proposição (a apresentação do poema), invocação (quando o poeta pede inspiração às ninfas), dedicatória (treze estrofes dedicadas a Dom Sebastião), narração (o desenvolvimento da história) e epílogo (encerramento).

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Capa da primeira edição de Os Lusíadas, publicada em 1572.

Os Lusíadas traça a história de Vasco da Gama e dos portugueses que descobriram uma nova rota para as Índias por meio do Cabo da Boa Esperança. O título do poema faz menção ao antigo nome de Portugal: Lusitânia. Por isso, o poema não conta a história de um único herói (Vasco da Gama, o protagonista), mas sim, de todo um povo. Além disso, os heróis encontram tanto auxílio quanto obstáculos com os deuses do Olimpo.

Breve resumo dos cantos I a X de Os Lusíadas
Canto Resumo
I Chegada da Armada de Vasco da Gama em Moçambique. Inspirado por Baco, o chefe dos Mouros decide atacar a Armada por ela ser composta por cristãos. Os portugueses vencem, mas o piloto escolhido para guiá-los acaba conduzindo-os a uma cilada em Quiloa. No entanto, a deusa Vênus afasta a embarcação e impede que ela caia na armadilha. Chegam a Mombaça, onde o rei (também inspirado por Baco) pretende derrotá-los.
II
O rei de Mombaça chama os portugueses ao porto, mas, na verdade tem o intuito de matá-los. Vasco da Gama decide se precaver e enviar dois degredados primeiro. Baco se disfarça de sacerdote cristão e mostra um altar para os dois portugueses. Eles acreditam estar em terras cristãs e avisam Vasco da Gama. Convencido, Vasco dá ordens para avançarem, mas, novamente, são impedidos por Vênus, que sabe das armações de Baco. Os mouros, acreditando que seu plano de destruição havia sido descoberto, se atiram ao mar. Vasco agradece aos deuses e pede que guiem seu caminho. Vênus, comovida, pede a Júpiter que proteja os portugueses. Este último envia Mercúrio a Melinde para recepcionar os portugueses e mostrar o caminho. Lá, Vasco e sua armada são bem recebidos.
III O narrador invoca a deusa Calíope para que lhe ajude a narrar o encontro de Vasco e o rei de Melinde. A partir deste momento, Vasco da Gama assume a narrativa, passando a contar a história de seu povo e sua geografia. Fala das origens de Portugal, dando destaque para episódios ocorridos nos reinados de D. Afonso Henriques e D. Afonso IV. 
IV
Neste canto, Vasco da Gama segue sua narração ao rei de Melinde e conta sobre a guerra contra Castela, a conquista de Ceuta e D. Fernando. Em seguida, Vasco fala dos reinados desde D. João I a D. Manuel I. Este último teve um sonho profético e confiou a Vasco da Gama o descobrimento do caminho para as Índias. Vasco segue a narrativa contando ao rei sobre o dia da partida das naus na praia de Belém, onde um velho, o Velho do Restelo, critica D. Manuel por se lançar a uma terra e fazer novos inimigos.
V Vasco segue a narração ao rei de Melinde, contando a ele sobre a viagem em alto-mar e os tormentos enfrentados após atravessarem a linha do Equador. Na ilha de Santa Helena, Fernão Veloso envolve-se em uma pequena luta entre os nativos e Vasco parte para socorrê-lo. Nesta aventura, Vasco é ferido na perna. De volta ao barco, a tripulação ri de Fernão Veloso. Ao passar pelo Cabo das Tormentas, a embarcação encontra o gigante Adamastor, que faz profecias para Portugal e conta a sua história. Em seguida, Vasco conta ao rei de Melinde os horrores do escorbuto.
VI
Os portugueses se despedem de Melinde, levando consigo um piloto para guiá-los. Baco, vendo que eles se aproximam de seu objetivo, chama Netuno, o rei dos mares, para se unirem contra os portugueses. Após um concílio, Netuno manda o deus Éolo enviar ventos para criar tempestades e prejudicar a navegação. A força da tempestade é tão grande que destrói os mastros, revolve a terra do fundo dos mares e arranca as árvores. Novamente, Vasco pede ajuda aos deuses. Vênus envia suas ninfas para acalmar a ação dos ventos. Com o fim da tempestade, avistam Calicute.
VII
Os portugueses entram em Calicute e Vasco elogia a força e a bravura de seu povo. Lá, são levados por pescadores para o rei da Índia. Vasco envia João Martins, um degredado, para ir à frente. João Martins encontra Moçainde, um mouro, que conhecia os portugueses e volta com ele à nau. Em seguida, Vasco e alguns nobres são recebidos pelo Catual, que leva-os ao palácio do Samorim. O Catual vai à nau e é recebido por Paulo da Gama para saber mais sobre os portugueses.
VIII
Paulo da Gama explica ao Catual sobre as figuras das bandeiras portuguesas, que parece bastante interessado. No entanto, Baco aparece no sonho de um sacerdote árabe, que instiga os seus a se revoltarem contra os portugueses.  Enquanto isso, Vasco da Gama e o Samorim conversam sobre a troca de mercadorias. Subornado, o Catual tenta convencer Vasco a aproximar sua a frota, que na realidade é uma armadilha. Vasco não se convence. Frustrado, o Catual chantageia Vasco: apenas partirá em troca de mercadorias europeias.
IX
Dois portugueses são enviados para vender as mercadorias, mas são retidos para ganhar tempo até a chegada da armada muçulmana. Vasco da Gama fica sabendo do plano por Monçaide e decide partir mesmo com mercadores indianos na embarcação (decide tomá-los como reféns). Por ordem do Samorim, os mercadores portugueses são soltos e a paz é restabelecida. Vênus decide presentear os portugueses e coloca a “Ilha dos Amores” em sua rota, para que eles pudessem repousar. Lá, os portugueses encontram conforto nos braços das ninfas.
X
As ninfas oferecem um banquete e uma delas canta os futuros feitos dos portugueses. O poeta invoca Calíope novamente para dar conta do que foi dito pela ninfa. Tétis, a mais importante das ninfas, conduz Vasco da Gama a um monte onde há uma miniatura do universo e revela uma série de profecias acerca dos feitos do povo português. Em seguida, os portugueses partem e, sem qualquer imprevisto, retornam ao Tejo.
  
Como referenciar: "Luís Vaz de Camões" em Só Literatura. Virtuous Tecnologia da Informação, 2007-2024. Consultado em 27/04/2024 às 17:09. Disponível na Internet em http://www.soliteratura.com.br/portuguesa/portuguesa3.php